segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O GRANDE ORIENTE DO BRASIL E SUA PARTICIPAÇÃO NA HISTÓRIA DO BRASIL

Ir.'. Nelson Rangel Soares Filho, M.'.I.'.
Deputado Estadual Loja Universitária Pitágoras-GOB/RO
Grão Mestre Adjunto Honorário do GOB/RO
 
Para abordar a participação do Grande Oriente do Brasil na história do Brasil. Precisamos abordar um resumo da Revolução Francesa.
A situação da França no século XVIII era de extrema injustiça social na época a sociedade era formada pelos trabalhadores urbanos, camponeses e a pequena burguesia comercial. Os impostos eram pagos somente por este  segmento social com o objetivo de manter os luxos da nobreza.
O rei governava com poderes absolutos, controlando a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião dos súditos, em fim uma ditadura monárquica, as opiniões  políticas eram proibidas, os oposicionistas eram presos na prisão política da monarquia ou condenados à guilhotina.
No topo da pirâmide social, estava o clero que também tinham o privilégio de não pagar impostos. Abaixo do clero, estava a nobreza formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros nobres que viviam de banquetes e muito luxo na corte. A desigualdade social era gritante, o desemprego aumentava dia a dia, os trabalhadores e camponeses era de extrema miséria. A base piramidal da sociedade francesa desejavam melhorias na qualidade de vida e de trabalho. A burguesia, mesmo tendo uma condição social melhor, deseja uma participação política maior e mais liberdade econômica em seu trabalho.
A situação social era tão grave e o nível de insatisfação popular tão grande que o povo foi às ruas com o objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia comandada pelo rei Luis XVI.
A Maçonaria sensibilizada, engajou na luta pela liberdade do povo e comandou a Revolução com o lema "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", obtendo sucesso nos objetivos, em 14 de julho de 1789, marca o início da liberdade do povo francês.
No mês de agosto de 1789, a Assembleia Constituinte cancelou todos os direitos feudais que existiam e promulgou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Esse documento trazia significativos avanços sociais, garantindo direitos iguais aos cidadãos, além de maior participação política para o povo. Implanta pela primeira vez na história da humanidade a República com poderes tripartite, Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. 
Os ideais maçônicos vivenciados na práxis na França, inspirou maçons do mundo inteiro a luta contra o absolutismos e o colonialismo, promovendo na Europa e nas Américas as independências políticas.
A juventude brasileira que iam estudar na Europa, entravam em contato com Maçons, iniciavam na maçonaria e aqueles ideais da Revolução Francesa traziam para a colônia e aqui procuravam cooptar novos membros.
Os registro do Grande Oriente do Brasil consta que a primeira Loja Maçônica surgiu em águas territoriais da Bahia em 1797, numa fragata francesa, e a primeira Loja regular do Brasil foi a "REUNIÃO", fundada em 1801, no Rio de Janeiro, movida pela liturgia e com fins político-sociais.
O primeiro movimento maçônico brasileiro em busca de tirar o Brasil de situação de colônia e ter sua independência, foi a inconfidência mineira.
Voltando um pouco antes do  desfecho da inconfidência, nos meados do século XVIII sentia-se o declínio da produção de ouro nas Minas Gerais. Por essa razão, a Coroa portuguesa intensificou o controle fiscal sobre a colônia, proibindo, em 1785, as atividades fabris e artesanais na Colônia e taxando severamente os produtos vindo da Metrópole.
Em 1783 fora nomeado para governador da capitania de Minas Gerais D. Luiz da Cunha Meneses, reputado pela sua arbitrariedade e violência. Sem compreender a real razão do declínio da produção de ouro, atribuiu o fato ao "descaminho" ou seja o contrabando, a Coroa instituiu a cobrança da "derrama" na região, uma taxação compulsória em que a população de homens-bons deveria completar o que faltasse da cota imposta por lei de 100 arrobas de ouro(1.500 Kg) anuais quando esta não era atingida.
Estes fatos foram um golpe extremo para a classe mais abastada de Minas Gerais que descontentes, começaram a se reunir para conspirar. Entre esses descontes estacavam-se os seguintes Maçons:  o contratador Domingos de Abreu Vieira, os padres José da Silva e Oliveira Rolim, Manuel Rodrigues da Costa e Carlos Correia de Toledo e Melo, o cônego Luís Vieira da Silva,  os poetas Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, o coronel Francisco Antônio de Oliveira Lopes, o capitão José de Resende Costa e seu filho José Resente Costa Filho, o sargente-mor Luíz Vaz de Toledo Pisa e o alfares Joaquim José da Silva Xavier, apelidado de "Tiradentes".  As reuniões da conspiração davam-se nas casas dos poetas  Cláudio Manuel da Costa e de Tomás Antônio Gonzaga. Onde se discutiram os planos e as leis para a nova ordem, tendo sido desenhada a bandeira da nova República, – uma bandeira branca com um triângulo e a expressão latina "Libertas Quæ Sera Tamen" - , cujo dístico foi aproveitado de parte de um verso da primeiraécloga de Virgílio e que os poetas inconfidentes interpretaram como "liberdade ainda que tardia". A conjuração pretendia eliminar a dominção portuguesa das Minas Gerais, estabelecendo um país independente. Não havia a intenção de libertar toda a colônia brasileira, pois naquele momento uma identidade nacional ainda não havia se formado. A forma de de governo ecolhida foi o estabelecimento de uma República, inspirados na França e da Independencia dos Estados Unidos da América (1776).
A conspiração foi desmantelada em 1789, ano da Revolução Francesa. O movimento foi traído por Joaquim Silvério dos Reis, que fez a denúncia para obter perdão de suas dívidas com a Coroa. O Visconde de Barbacena mandou abrir, em junho de 1789, a sua Devassa com base nas denúncias de Silvério dos Reis, Basílio de Brito, Malheiro Lago, Inácio Correia Pamplona, tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, Francisco Antônio de Oliveira Lopes, Domingos de Abreu Vieira e de Domingos Vidal de Barbosa Laje. Os réus foram acusados do crime de "lesa-majestade" como previsto pelas Ordenações Filipinas, Livro V, título 6, materializado em "inconfidência" (falta de fidelidade ao rei).
Os líderes do movimento foram detidos e enviados para o Rio de Janeiro. Ainda em Vila Rica (atual Ouro Preto), Cáudio Manuel da Costa faleceu na prisão, onde acredita-se tenha sido assassinado, suspeitando-se, em nossos dias que a mando do próprio Governador. Durante o inquérito judicial, todos negaram a sua participação no movimento, menos o alferes Joaquim José da Silva Xavier, que assumiu a responsabilidade de chefia do movimento.
Em 18 de abril de 1792 foi lida a sentença no Rio de Janeiro. Doze dos inconfidentes foram condenados à morte. Mas, em audiência no dia seguinte, foi lido decreto de Maria I de Portugal pelo qual todos, à exceção de Tiradentes, tiveram a pena comutada.
Os degredados civis e militares foram remetidos para as colônias portuguesas na África, e os religiosos recolhidos a conventos em Portugal. Entre os primeiros, viriam a falecer pouco depois de terem chegado à África, o contratador Domingos de Abreu Vieira, o poeta Alvarenga Peixoto e o médico Domingos Vidal de Barbosa Laage. Os sobreviventes reergueram-se integrados no comércio e na administração local, alguns mesmo tendo se reintegrado na vida política brasileira.
Os ideais dos inconfidentes que eram locais passaram então ser de toda a Colônia, a Maçonaria trabalhava incessantemente para disseminação da liberdade, saindo do jugo de Portugal, influenciando a emamancipação política barsileira.
O primeiro passo oficial neste sentido foi o Fico, em 09 de janeiro de 1822. O ato foi liderado pelos Maçons, José Joaquim da Rocha e José Clemente Pereira, o que representou uma desobediência à corte portuguesa e tirou o Brasil da sua condição de colônia.  O princípe regente do Brasil D, Pedro I, não acatou ordens das Cortes Portuguesas para que deixasse imediatamente o Brasil, retornando para Portugal.
As Cortes de Portugal estavam preocupadas com os movimentos que ocorriam no Brasil em direção à emancipação política. Viam no retorno de D. Pedro uma maneira de recolonizar o Brasil, enfraquecendo as ideias de independência. O movimento recolheram cerca de 8 mil assinaturas, exigindo a permanencia de D. Pedro no Brasil. O documento tinha o seguinte teor:
"É impossível que os habitantes do Brasil, que forem honrados e se prezarem de ser homens - e mormente os paulistas - possam consentir em tais absurdos e despotismos...V. Alteza Real deve ficar no Brasil, quaisquer que sejam os projetos das Cotes Constituintes, não só para o nosso bem geral, mas até para a independência e properidade futura do mesmo. Se Vossa Alteza Real estiver (o que não é crível) deslumbrado pelo indecoroso decreto de 29 de setembro, além de perder para o mundo a dignidade de homem e de princípe, tornando-se escravo de um pequeno grupo de desorganizadores, terá que responder, perante o céu, pelo rio de sangue que, decerto, vai correr pelo Brasil com a sua ausência...".
 Diante deste contexo D. Pedro emocionado declarou: "Se é para o bem de todos e a felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico". Ato que tirou o Brasil da condição de colônia, e a grande passo para a independência.
A Loja Maçônica Comécio e Artes jurisdicionada ao Grande Oriente Lusitano existia no Rio de Janeiro desde 1815. Para uma potência maçônica ser rconhecida pelas outras potências no mundo, necessitava de pelos menos três Lojas Maçônicas sob sua jurisdição. Sob a inspiração de Joaquim Gonçalves Ledo, seu verdadeiro mentor, e José Clemente Pereira, membros da Loja Comércio e Artes, propos e foi aprovada a preposição que essa Loja se dividiria em mais duas outras Lojas, dando assim origem às Lojas União e Tranquilidade e Esperança de Nictheroy, as três juntas deu suporte para que em 17 de junho de 1822, cidade do Rio de Janeiro, Capital do Império fundasse o GRANDE ORIENTE DO BRASIL, que recebeu a sua carta Constitutiva do Grande Oriente Lusitano. A obediência maçônica nacional e a primeira no território brasieliro, a qual iria, nos anos posteriores, ser particípe dos grandes acontecimentos político-sociais da História do Brasil, começando, já no ano de sua fundação, com a fundamental participação no movimento pela emancipação política do Brasil.
Em 2 de agosto de 1822, o Grão Mestre José Bonifácio de Andrade e Silva, fez a proposta para ser iniciado nos Mistérios da Sublime Ordem, Sua Alteza Pedro Alcântara, Princípe Regente do Brasil e seu Defensor Perpétuo. O que foi aceito a proposta, por unanimidade foi aprovado. O que imediatamente foi lhe comunicado e o mesmo aceitou ser iniciado, o que ocorreu na mesma Sessão. Na sessão de 5 de agosto de 1822, presidida pelo 1°. Grande Vigilante do Grande Oriente, Joaquim Gonçalves Ledo, propôs a elevação e exaltação de D. Pedro, foi aprovado e exaltado a Mestre Maçom.
Na Sessão de 20 de agosto de 1822, presidida pelo Ir.'. Joaquim Gonçalves Ledo, foi proclamada a indepedência do Brasil e aclamdo rei o princípe D. Pedro de Alcântara, seu defensor perpétuo e constitucional. Portanto, a luta da Maçonaria brasileira para a indepedência de Portugal se consolida nessa Sessão no Grande Oriente do Brasil. E em 7 de setembro de 1822, foi anunciado a Indepedência para o mundo profano.
A nova luta do Grande Oriente do Brasil por intermédio de suas Lojas jurisdicionadas agora é a abolição da escratura.  A atuação referente a nova palavra de ordem seriam as mesmas usadas para chegar a indepedência do Brasil. Em 1850, foi aprovada a Lei que proibia o tráfico negreiros, de autoria do Maçom Eusébio de Queiroz; a Lei do Ventre Livre, em 1871, que a partir daquela data todos escravos que nacessem serriam livres de autoria do Grão Mestre Visconde do Rio Branco e a própria Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, que teve forte participação e influencia do maçom e mentor da Princesa Isabel, José do Patrocínio.
No campo das ações mais concretas, enquanto a abolição não ocorria plenamente, as Lojas Maçônicas jurisdicionadas ao Grande Oriente do Brasil, foram responsáveis por decretos que minimizaram a crueldade do período, como a proibição da entrada de novos maçons que fossem senhores de escravos e que mais tarde, viessem a possuí-los, seriam multados, àqueles senhores que já eram maçons estabeleceu-se a obrigatoriedade de alforriarem seus escravos. Com as importância arrecadadas pelas Lojas Maçônicas o objetivo era a compra do máximo número possível de escravas, para que fossem alforriadas e, em consequência, seus descendentes já nasceriam livres.
O Brasil clamavam pela República. Era uma questão de tempo, pois o regime monárquico não condizia mais com as transformações econômicas e sociais que o país atravessava. O ideal iluminista insuflado pelos grandes pensadores, que em sua maioria eram os maçons, dava sinais de que a campanha republicana iria empolgar o sentimento de nacionalidade do povo brasileiro. Desde 1870, com a Convenção Republicana de Itu e a criação do partido republicano pelo conselheiro da coroa Saldanha Marinho, os jornalistas Rangel Pestana, Quintino Bocaiúva, Aristides Lobo e Lopes Trovão, todos maçons do Grande Oriente do Brasil, iniciaram a preparação do terreno para o que futuramente, iria culminar na Proclamação da República.
Uma semana antes da Proclamação da República reuniu-se um grupo de maçons na residência de Bejamim Constant, e lá ficou decedido que haveria a pressão pela queda do Império. Bejamim Constant ficou incumbido de convencer o maçom Marechal Deodoro da Fonseca a se juntar ao ideário republicano, e por fim, após o êxito na ação, o Marechal assumiu o comando do movimento e proclamou, em 15 de novembro de 1889, a República do Brasil. Mais uma participação histórica do Grande Oriente do Brasil na história brasileira.
Durante o período republicano os maçons tiveram uma participação relevante, tanto no movimento para a Proclamação da República, como nos primeiros anos do governo, influenciando diretamente nos rumos políticos e econômicos do país. Dos 14 presidentes da Primeira República que vai até 1930, no início do Governo Vargas, nove foram maçons refletindo a importância daquela elite pensante naquele momento histórico.
Foram eles: Deodoro da Fonseca (1889-1891); Floriano Peixoto (1891-1894); Prudente de Morais (1894-1898); Campos Sales (1898-1902); Nilo Peçanha (1909-1910) Marechal Hermes da Fonseca (1910-1914); Venceslau Brás (1914-1918); Delfim Moreira (1918-1919); Washington Luis (1926-1930);. Após o período de Getúlio Vargas, Café Filho (1954-1955); Nereu de Oliveira Ramos (1955-1956); Jânio da Silva Quadros (1961-1961) assumiram a Presidência da República Federativa do Brasil.
No perído do regime militar a maçonaria continuou a sua luta pela redemocratização do País. A participação mais importante na redemocratização do Brasil foi na Constituinte, quando começou haver impasses nas votações dos pontos polêmicos, onde a esquerda e os conservadores não chegavam um bom senso, e as forças armadas começaram a manifestarem no sentido de provocar um novo golpe. Os Grãos Mestres Estaduais sob a liderança do Soberano Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil, convocou todos os maçons Constituintes, criando o frentão composto por parlamentares de variados partidos, assumindo compromissos com uma agenda comum de votação. Concluindo a Constituição e sendo promulgada em 05 de outubro de 1988, chamada Constituição Cidadã, registra mais um episódio importante da história do Brasil, com a participação do Grande Oriente do Brasil.
Na atualidade o Grande Oriente do Brasil, nos seus 190 anos de existência, conta com mais de 2715 Lojas, reconhecida por mais de 28 obediências e 300 maçonarias no mundo, além do reconhecimento da Grande Loja da Inglaterra a Loja Mater do Mundo, o GOB, com seus cerca de 90 mil obreiros, é hoje a maior obediência maçônica da América Latina e se firma como uma secular instituição que - como é característico das instituições verdadeiramente relevantes e duradouras, se reinventa para responder aos desafios e às necessidades de um espaço de tradição e convivência sadia, com ações filantrópicas e de aprimoramento ético.  Tendo atuado com veemência a favor da Amazônia com o projeto "Amazônia, soberania nacional"; o projeto ensinando a pescar e Maçonaria Contra as Drogas, a Favor da Vida.
Continua o trabalho político-social atuando a favor da sociedade brasileira, fazendo uma amalgama da hsitória do Brasil com a história do Grande Oriente do Brasil. A luta a favor da dignidade humana, a geração de emprego e renda, e educação de qualidade, ao conhecimento e tecnologia e o combate implacável contra a corrupção. Sentimos orgulho de sermos maçons, sentimos lisojeados pelo ação do Grande Oriente do Brasil a favor do Brasil. Avantes Irmãos, recuar nunca e feliz semana da pátria.
Referência Bibliográfica
CASTELLANI, José. História do Grande Oriente do Brasil. Brasília:Gráfica do Grande Oriente do Brasil, 1993.
http://www.suapesquisa.com/francesa/ - acessado em 31/08/2012, às 17h04min.
Revista Universo Maçônico, ano V, n°. 20, 2012.



FRUTICULTURA COMO IMPULSIONADORA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A INCLUSÃO SOCIAL DO AGRICULTOR DO MUNICÍPIO DE CACOAL

Prof. Nelson Rangel Soares Filho

RESUMO

O município de Cacoal passou por transições econômicas radicais ao longo de sua história. No início de sua ocupação tinha como modo de produção o extrativismo, destacando a produção do látex retirado das seringas. Com a imigração proveniente do sul e sudeste, destacaram-se um novo ciclo econômico, a extração de madeira e sua industrialização rudimentar vendidas no sul e sudeste a preço vil, elevando de preço com a fabricação de móveis com qualidade vendendo para o consumo interno e externo. Provocando grandes devastações no bioma amazônico. Num segundo momento houve investidas na lavoura cafeeira e cacaueira, tendo seu apogeu no ano de 1990, ano em que o município produziu 46000 toneladas de café. Com a queda do preço internacional, alastrando-se   no mercado interno, tanto do café como do cacau, incidiu na queda da produção, de modo vertiginoso. O cacau, além da queda dos preços, quase foi dizimado sua produção pela praga vassoura-de-bruxa. A partir daí começam os investimentos na pecuária de leite e de corte, provocando êxodo rural inchando as periferias da cidade, e trazendo junto às patologias sociais como a prostituição, tráfico de drogas, consumo de drogas, o subemprego, o desemprego, a falta de qualificação para mão de obra. O poder público ficou inerte em criar alternativas para superar os problemas sociais instalados. A fruticultura, com políticas públicas bem direcionadas, promoverá a geração de emprego e renda, e a inclusão social do agricultor provocando o êxodo urbano (agora o contrário da cidade para o campo) com capacidade de promover justiça social e uma sociedade mais equânime.    

 Palavras Chaves: Desenvolvimento Sustentável. Desenvolvimento Regional. Fruticultura

 
INTRODUÇÃO


O presente artigo tem a finalidade de demonstrar que a economia de Cacoal poderá ser movida pelo próprio município, bastando para isso criar políticas públicas para gerar emprego e renda. A fruticultura é uma das soluções para inverter o êxodo rural ocorrido nos anos de 1990, voltando o agricultor para o campo, incluindo-o socialmente, promovendo a justiça social e diminuindo as distâncias das rendas entre as classes sociais. Tais perspectivas tornam uma sociedade mais igualitária, tornado menor a concentração de renda das classes mais privilegiadas, promovendo a mobilidade social das classes de menos poder aquisitivo, além de torná-las autônomas. O investimento na fruticultura traz esse alvorecer, além de ser uma atividade que promove o desenvolvimento regional, o desenvolvimento sustentável, contribuindo para o melhoramento dos indicadores da qualidade de vida. Estas informações são sustentadas pelos próprios indicadores dos órgãos oficiais do Governo. Basta iniciar o programa de impulsão da economia do município com sustentabilidade e inclusão social.

 1 PERFIL DO MUNICÍPIO DE CACOAL E UMA PERSPECTIVA URBANÍSTICA

          O município de Cacoal foi criado pela lei n° 6.448, de 11 de outubro de 1997, Possui uma área geográfica de 3.792,64 Km², com cerca de 78.574 hab./IBGE, desses 57.857 são eleitores, com uma população economicamente ativa de 66.490hab./IBGE. O ciclo econômico do município ao longo de sua história teve variações consideráveis. Sua história inicia-se com a chegada da linha telegráfica na região, aberta pelo Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon no ano de 1909. Para instalar um posto telegráfico no local onde hoje se localiza a cidade de Pimenta Bueno, foi necessário contratar pessoal para cuidar das linhas telegráficas que receberam o nome de guarda fios. Em torno de 1920 chega a região para trabalhar como guarda fio o paraibano Anísio Serrão de Carvalho, que adquiriu áreas de terras localizada às margens do Igarapé Tamarupá, fixando sua moradia, denominando o nome de Cacoal devido a grande quantidade de cacau nativo. A atividade econômica era extrativista, tendo como principal fonte econômica a seringa.       

O povoamento de Cacoal teve seu início nos primeiros anos da década de 1970, com a chegada dos imigrantes das regiões do sul e sudeste do país, incentivados pelas propagandas do governo federal do período militar, que colocavam a região norte como um eldorado brasileiro e a palavra de ordem "integrar para não entregar". Nessa mesma época o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) implantou o projeto integrado de Colonização, para orientar a sua ocupação, coordenando a distribuição de lotes e o assentamento dos colonos. Exigia-se que os assentados fossem casados, tomassem posse na área destinada e desmatasse para obter o título definitivo da área. Em 1972 foi elevado a distrito do município de Porto Velho e em 26 de novembro de 1977 foi elevada a categoria de município. Inicia-se um novo ciclo econômico a extração de madeiras, inúmeras serrarias se instalaram na região trabalhando diuturnamente. Nesse período, notadamente foi o mais devastador para o bioma amazônico.  Com a escassez da madeira, começa o desenvolvimento da agricultura incentivado pelos imigrantes com vastas experiências na cultura do café e por incentivos dos órgãos como a Empresa Brasileira de Extensão Rural (EMATER), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e a Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) o incentivo ao plantio de cacau.  A produção de café na década de 1990 chegou ao patamar de 46 mil toneladas. Com a queda dos preços do café no mercado internacional e interno a produção em 2005 caiu para 8.040 toneladas. O cacau, com a infestação da praga vassoura-de-bruxa, que é natural da Região Amazônica. E mais a queda de preço no mercado internacional e interno caiu vertiginosamente, Assim, inicia-se o período da urbanização com o êxodo rural, surge uma nova modalidade econômica no campo a pecuária, lavouras cacaueiras e cafeeiras foram dizimadas e substituídas por pastagens. Localidades que abrigavam 20 ou mais família que trabalhavam em regime chamado no jargão sertanejo de meeiro foram substituídas por um vaqueiro que sozinho cuida da mesma área onde residiam essas famílias, passou a ser ocupadas por bois de corte ou vacas leiterias.

 2 COMPOSIÇÃO ECONÔMICA HODIERNA DO MUNICÍPIO DE CACOAL
   
          Com o êxodo rural devido aos ciclos econômicos sem a intervenção de políticas públicas, para evitar a urbanização nas periferias da cidade, sem planejamento, causando problemas sociais de todas as maneiras, como a prostituição, o subemprego, o uso e abuso de drogas, o tráfico de substâncias entorpecentes, o desemprego, a falta de moradia entre outras modalidades de patologias sociais.
         Surge uma nova composição econômica com o aumento de investimento na pecuária, O município é o 4° maior rebanho do Estado, sendo compostas de 420 mil cabeças de gado. Aumenta, assim,  a prestação de serviços e pouco investimento na indústria, tendo como demonstrativo segundo o IBGE/SEPLAN da seguinte forma:
         De acordo com o quadro demonstrativo a economia do município de Cacoal, em números a prestação de serviços perfaz 65,89%, a agropecuária 19,6% e a indústria 14,6%, o maior índice da economia está na prestação de serviços, o que caracteriza a taxa de urbanização segundo o IBGE/SEPLAN que é de 78,80%, PIB per capita é de R$ 11.819,56 longe do PIB per capita brasileiro que é de R$ 21.252, e é em percentagem 55,62% do brasileiro. Para os padrões brasileiros é pouco.

 3 FRUTICULTURA COMO MOLA IMPULSIONADORA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A INCLUSÃO SOCIAL


          O poder público do município de Cacoal poderá mudar o perfil econômico da comunidade cacoalense, promovendo políticas públicas que tornará equânime a população rural e urbana, gerando emprego e renda de maneira substancial. Para tanto, soluciona-se a partir da criação de um projeto de Lei, o Fundo de Desenvolvimento de Cacoal, propondo uma porcentagem da arrecadação de impostos direcionando-os ao fundo para financiar, com subsídio, os pequenos agricultores. Organizando-os e capacitando-os em associativismo e cooperativismo. Incentivar o plantio de fruticultura, ofertar assistência técnica para aumentar a produção em pequenas áreas com qualidade e aumento da produção. Criar uma cadeia produtiva para garantir o escoamento e a comercialização da produção. Para isso o Fundo de Desenvolvimento financiará as associações e as cooperativas para implantação de agroindústria com toda a assistência técnica que for necessária na parte sanitária e comercial. Dessa forma, criar condições de qualidade para que possa ser consumida a produção in natura e industrializadas no  mercado interno e externo. A exportação é um nicho de mercado a ser explorado, pois segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior e a Secretaria do Comercio Exterior, as exportações do município de Cacoal em 2010 foi zero, e só no primeiro semestre de 2012 a exportação de fruticultura no Brasil cresceu 23%. Além do que a fruticultura está inserida nas políticas Nacional do Desenvolvimento Regional (PNDR), promovida pelo Ministério de Integração Nacional, que tem por objetivo reduzir as desigualdades regionais e ativar os potenciais de desenvolvimento das regiões no País conforme o Art. 3°, inciso III da CF-88.  Promover o desenvolvimento sustentável, com atividades economicamente correta, a inclusão social por meio da geração de trabalho e renda, contribui para melhorar os indicadores da qualidade de vida, solidifica os negócios com micro e pequenos empreendedores rurais e urbanos.

          Para atingir os autores sociais envolvidos serão necessárias ações conjuntas do poder público em várias esferas, segundo Oliveira:

O procedimento mais adequado para o alcance dos objetivos da sustentabilidade, segundo análise de seus próprios pressupostos, é integrar também as ações práticas, ou seja, é proporcionar a interconexão entre áreas estratégicas, tais como educação, saúde, assistência social, geração de emprego e renda, infraestrutura urbana, habitação, conservação ambiental, esporte, cultura e lazer. Tudo isso permeado por um planejamento apto a qualificar uma intervenção eficiente e eficaz junto a populações-alvo e a consolidar um padrão de vida mais digno e humano para estas. (OLIVEIRA, p.02, 2001)

 

            O Chefe do Executivo deve criar um fórum permanente entre as Secretarias de Agricultura, Meio Ambiente, Saúde, Assistência Social, Habitação, Serviço Autônomo de Água e Esgoto, Planejamento, Finanças, Obras e Serviços Públicos. Para garantir ações eficientes, competentes e rapidez. O retorno da geração de trabalho e renda será de um ciclo virtuoso, trazendo qualidade de vida para todos.

          Segundo a bolsa de mercadorias a tonelada de grãos gira em torno de R$ 670,00 a tonelada a fruticultura gira em torno de R$ 5.000,00 a 20.000,00 a tonelada. Sem ressaltar os valores agregados poderá melhorar a renda, com a atuação do poder público nas certificações de produtos orgânico, sustentável, socialmente correto que agrega valores e facilita exportar para os países que colocam barreiras em importar produtos que não tem essas certificações. No município de Cacoal, pode citar como exemplo a área localizada no setor prosperidade lado esquerdo do Rio Machado, é arenosa, pouca fertilidade para plantio de culturas como café, cacau, milho, arroz ou outro tipo de grãos. Mas, tem ótima produtividade para o abacaxi, mandioca, caju, manga, maracujá, açaí, melancia, coco, castanha do Pará entre outras espécies que se adapta bem em terras arenosas. O incentivo ao plantio com as assistências próprias, e a implantação de agroindústrias para produzir polpa, sucos, doces, castanhas, entre outras iguarias estará promovendo o desenvolvimento sustentável integrado, ideário da Agenda-21 criada na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também chamada de ECO-92.

          Soluções para equilibrar a população urbana e rural com qualidade de vida, preservação ambiental, geração de emprego e renda existem. O que falta é a iniciativa política do poder público municipal aproveitando o pacto federativo e usando dos benefícios existentes da União das políticas públicas para o desenvolvimento regional sustentável, para tornar viável o desenvolvimento do município de Cacoal, com sustentabilidade e inclusão social, tendo a fruticultura como impulsionadora desse projeto.

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel. php? codmun=110004-acessado em 15/08/2012, às 22h08min.
BRASIL. MDIC. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/sitio/ - acessado em 15/08/2012, às 16h42min.

OLIVEIRA, Juliano Varela de. A participação no desenvolvimento sustentável. Natal: Base de Pesquisa Estado e Políticas Públicas/UFRN; Fundação Konrad Adenauer Stiftung, 2001.
   
RONDÔNIA. Disponível em: http://www.seplan.ro.gov.br/- acessado em 15/08/2012, às 22h04min.